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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Clube da carta

Carta 1                                                                                                                                            Outubro de 2016

Querido Marcos,


Recebi hoje sua carta, aquela que diz que há dez anos vocês não se veem. Aquela que narra com perfeição o dia em que a Renata te deixou. Consigo imaginar a cena claramente, inclusive a cara de desprezo dela. Ou cara de cu, como você mesmo disse. Nós mulheres temos o dom de fazer esse tipo de cara, principalmente quando estamos de saco cheio. 

Sabe, por um lado eu não a culpo por ter explodido com a sua reação, é claro que ninguém aguenta oito anos de mesmices ou de reações normais e vazias. Porém, por outro lado, eu te entendo. Entendo a sua passividade, sua forma de "não ir ao medico para não encontrar nada", sua forma de achar que em time que está ganhando não se mexe. Mas preciso te dizer, ela não foi embora por você não ter tomado uma atitude, pelo contrario. Talvez você não tenha percebido, mas o fato de te-la deixado jogar todas as coisas na mala e partido foi a atitude que você tomou.

Sei que ela esperava que você gritasse, brigasse ou ate mesmo implorasse para ela não ir. Todas nós esperamos isso numa briga,mesmo que inconscientemente. Ela reclamou de você não fazer nada a respeito para salvar o relacionamento de vocês e eu compreendo essa queixa. Alguns relacionamento estagnam ao longo dos anos e tudo o que nós queremos são flores fora das datas tradicionais, são finais de semana num chalé na serra ou numa pousada na praia, são idas ao cinema em dia de semana, essas coisa bobas que para nenhum homem faz sentido.

Talvez seja verdade que você tenha problemas para encarar as dificuldades, quem não tem? Mesmo assim você a deixou partir. Essa foi sua atitude, foi sua forma de gritar: ESCUTA AQUI, SE QUISER IR, VÁ! NÃO VOU BRIGAR. VOCÊ JÁ BRIGOU O SUFICIENTE POR NÓS DOIS. TCHAU!
No fundo ela queria só te ver sair de si, perder as estribeiras. Ser aquela pessoa que explode e que você nunca foi e não foi surpresa para ninguém você ter sido tão passivo.

Mas eu sei, meu amigo, que o motivo da sua carta foi para dizer - ou subentender - que esta sentindo a falta dela, mesmo depois de todos esses anos. Dói, eu sei, já senti isso também, mas é aquele ditado "deixa ir, se voltar..." ela escolheu não voltar, nunca foi de fato sua. Melhor assim, espero que você esteja bem. Um dia essa dor passa, acredite em mim, se não passar me escreve que a gente conversa.


Laila.

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